CARTA DE UM
PÁROCO A SEUS PAROQUIANOS.
UM PÁROCO DA
DIOCESE DE FONTANARADINA DI SESSA AURUNCA, NA PROVINCIA DI CASERTA, ITÁLIA -
DECIDIU NÃO CELEBRAR MAIS A MISSA NOVA SEGUNDO O MISSAL DO PAPA PAULO VI - O
NOVUS ORDO.
Depois de
ter experimentado por anos a pobreza do Novus Ordo Missae e de ter assistido às
miríades de ofensas que tantos padres cometem a cada dia contra Nosso Senhor no
curso da Missa (mesmo involuntariamente), ele se deu por conta de que a crise
que a Santa Igreja atravessa há anos é devido essencialmente ao abandono da sua
milenar liturgia.
Depois de
uma profunda e sofrida reflexão, ele decidiu por retornar ao uso dos livros
litúrgicos em vigor até 1962, valendo-se do indulto perpétuo concedido
pelo Papa São Pio V com a Bulla Quo primum tempore,
plenamente consciente dos enormes problemas com os quais teria que se
confrontar: por amor a Cristo, pela Santa Igreja e por amor à alma de
seus paroquianos. Para fazer com que todos compreendessem o verdadeiro
significado de sua decisão, ele endereçou aos seus paroquianos três cartas, quase
que um verdadeiro compêndio das suas sofridas reflexões.
Estas duas
últimas, ele fez questão de participar ao seu Bispo, recebendo em troca
incompreensões e repreensões disciplinares e então pensou em submeter a sua
decisão ao Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, o Cardeal Ratzinger,
de quem recebeu compreensão e apoio espiritual.
O seu caso
ainda está à espera de uma solução satisfatória, e ele, depois de um período de
afastamento, está de volta à sua paróquia. A nossa esperança é que o
Padre Louis se torne um exemplo pra muitos sacerdotes que, embora
compartilhando de suas reflexões, consideram impossível assumirem posições
corajosas. Cremos não exagerar quando afirmamos que amadureceu o tempo para que
ocorra um retorno a verdadeira teologia do santo sacrifício da missa
como sempre foi celebrado, mesmo já passado mais de 40 anos do concílio
vaticano II. Período esse semelhante a aquele que o povo hebreu caminhou no deserto
rumo a terra prometida.
As cartas do
Pe. Demornex foram distribuídas na Diocese de Sessa Aurunca.
Sua Em.za Rev.ma Card. Joseph Ratzinger
Prefetto della Congregazione per la Dottrina della Fede
00120 Cittàà del Vaticano - tel. 06/69.88.32.96.
Prefetto della Congregazione per la Dottrina della Fede
00120 Cittàà del Vaticano - tel. 06/69.88.32.96.
Sua Em.za Rev.ma Card. Darìo Castrillòòn Hoyos
Prefetto della Congregazione per il Clero
Piazza della Città Leonina, 1 - 00193 Roma - Tel. 06/68.30.70.88
Prefetto della Congregazione per il Clero
Piazza della Città Leonina, 1 - 00193 Roma - Tel. 06/68.30.70.88
Sua Ecc.za Rev.ma Mons. Antonio Napoletano
Vescovo di Sessa Aurunca
Piazza Duomo, 2 - 81037 Sessa Aurunca (CE) - tel. 0823/93.71.67
Vescovo di Sessa Aurunca
Piazza Duomo, 2 - 81037 Sessa Aurunca (CE) - tel. 0823/93.71.67
Rev. Padre Louis Demornex,
81037 Fontanaradina di Sessa Aurunca (CE)
tel. 0823/70.51.13
81037 Fontanaradina di Sessa Aurunca (CE)
tel. 0823/70.51.13
PRIMEIRA
CARTA
Por que
retornar à Missa de São Pio V?
Do Rev.
Padre Louis Demornex a seus paroquianos.
O motivo
determinante é a questão dos Fragmentos consagrados que estão sendo profanados
de todos os modos possíveis:
1 - Na
distribuição da comunhão:
- Sem a patena, os Fragmentos caem
pelo corpo do comungante ou pelo chão e são pisados, varridos e dispersos;
- Dada a Hóstia na mão, restam Fragmentos grudados na mão do Comungante
(Por quê até 1989 era sacrilégio tocar o Santíssimo e hoje isso virou ato de
devoção? Onde está a verdade?);
- Nem sequer falamos do modo com que certas pessoas guardam a Partícula
ou a levam embora com as mais diversas intenções.
2 - Depois
da Comunhão, o Sacerdote:
- não purifica mais as mãos e nem se lava, mas simplesmente joga fora a
água;
- grande desleixo no modo de purificar a patena ou a pisside com o
purificatório, pelo qual os Fragmentos acabam ficando grudados no tecido e
dispersos.
Tudo isso
nos faz pensar numa mulher que joga o fruto da sua concepção na lata do lixo.
3- Ora todos
esses modos de agir há algum tempo atrás eram considerados sacrílegos. E por
que não são mais?
- Ou não
crêem mais que cada Fragmento seja Jesus Cristo inteiro e portanto são
heréticos.
- Ou crêem e
são sacrílegos.
Nós
Católicos cremos na "transubstanciação", termo
que significa a mudança de uma substância para uma outra. Por exemplo, se o
chumbo se tornasse ouro, mudaria sua substancia para aquela do ouro, de Pb se
tornaria Au, até mesmo no nível do átomo que é a menor partícula, infinitamente
pequena. Todos compreendem que um miligrama de ouro ou um quintal de ouro é
sempre ouro.
O mesmo se
dá com a Santa Missa: da substância do pão se passa
para a substância do Corpo do Senhor e a ciência nos ajuda a compreender
exatamente que tal passagem ocorre até mesmo a nível do "infinitamente
pequeno". Esta é a fé de sempre mantida pela Igreja Católica,
Dogma de fé que jamais poderá ser mudado já que o Dogma é a eterna
Verdade revelada.
E então como
é possível justificar novidades tão negativas? De onde saiu um modo de agir tão irreverente, senão de um rito que leva
a este triste êxito? Eis por que eu tive que tomar distância de um rito que
de tantos modos profana o Santíssimo (comunhão na mão, tabernáculos
removidos e esquecidos, Eucaristia na mão de "ministros
extraordinários", quer seja homens ou mulheres, Missas inventadas,
inculturadas etc.).
É
absolutamente impossível seguir tal anarquia e pretender espelhar a fé Católica
constante. Portanto tudo isso me obriga a tomar uma decisão: rechaçar
todas essas novidades, por amor à Verdade, à Eucaristia, à Igreja e às vossas
almas que têm direito à salvação por meio da graça.
Vocês me
perguntarão porque demorei tanto a chegar a estas conclusões. Pois bem, eu
busquei comunicar a fé católica através desses novos ritos, eu busquei rezar a
Missa voltado para o povo por dois anos na esperança de exprimir também assim a
fé Católica.
Mas a Missa
voltado para o povo se torna obrigatoriamente oferta ao povo, na sua língua,
com os seus cânticos. Torna-se um banquete, um convívio de festa, de
fraternidade, uma reunião calorosa, dinâmica, participativa, alegre, enfim
uma coisa da terra. Eu assisti certos ritos assim alegres e festivos que
verdadeiramente, ainda que tivessem uma aparência simpática, faziam com que fosse
impossível ver ali o Sacrifício do Calvário renovado na sua tremenda
dramaticidade.
Temos então
que nos confrontar com duas realidades totalmente diversas:
A - A Missa oficial atual; que se assemelha a um banquete, a uma
comunhão fraterna entre os presentes para rezarem juntos celebrando a memória
da última ceia de Jesus com os seus discípulos, pela qual Jesus está presente
espiritualmente em meio aos fiéis (cf. art. 7 do missal romano). Sendo este
rito dirigido aos fiéis, é lógico que deve ser dito em alta voz, em uma língua
compreensível (até mesmo dialetos), freqüentemente inventado ou improvisado,
variando segundo o lugar, hora, estação, idade dos presentes, a sua classe. Sem
falar da música!
Mas vocês
estão seguros de que em todas essas variações, caprichos, evoluções,
improvisações, fantasias está sendo sempre expresso integralmente o
dogma, a Verdade Católica?
Vocês estão
seguros de atingirem a plenitude da graça que provém do rito perfeito
definido pela Igreja por ocasião do Concílio de Trento?
Desta
anarquia, desordem, criatividade, confusão litúrgica surge obrigatoriamente a
confusão espiritual do povo cristão que criou uma religião do comodismo:
entrar numa igreja com vestes indecentes, bater papo sem nenhum constrangimento
diante do Santíssimo, sem nem mesmo uma pequena genuflexão, uma saudação,
simplesmente como se não existisse. E sobretudo pegar a Hóstia com a mão
como se fosse um pedaço de pão ordinário, sem o menor cuidado com os
Fragmentos, sem a Confissão prévia, fazer de tudo durante a Comunhão sem
nenhuma disciplina moral ou espiritual, freqüentemente em estado de pecado
mortal, o qual, por outro lado já dizem que não existe mais.
Quantas
surpresas diante do tribunal de Deus ! Realmente é de causar tremor!
Por outro
lado, o fato de que o rito dessa Missa seja praticado até mesmo por
protestantes de tendência anglicano-calvinista (altar voltado para o povo) demonstra
que ela não exprime mais o dogma Católico.
Vejam o que
disse Lutero sobre a Missa Católica: «Afirmo
que todos os homicídios, os furtos, os adultérios são ainda menos piores do que
esta abominável Missa (Sermão do 1E° domingo de Advento). Quando a Missa for
derrubada, penso que teremos derrubado o inteiro papado. (Tratado contra
Henricum)».
Na sua carta
ao Santo Padre Paulo VI, o cardeal Ottaviani, Prefeito do Santo Ofício (não um analfabeto qualquer, portanto, uma pessoa em posto de
responsabilidade) disse a propósito da nova Missa: «O Novus Ordo Missae
representa, seja no seu todo como nos particulares, um impressionante afastamento
da teologia da Santa Missa, tal qual ela foi formulada na sessão XXII do
Concilio Tridentino», e anexou a essa carta um breve exame critico o
qual até hoje não recebeu resposta.
B - A Missa
Católica, que é a renovação não cruenta do único sacrifício
do Calvário, onde Jesus, por meio de si mesmo como Sacerdote, se oferece a Deus
Pai para obter o perdão dos pecados dos vivos e dos mortos, é o mistério
terrível desta Vítima divina e eterna que renova a expressão máxima de sua
compaixão pela humanidade arruinada, corrupta, atraída mais para o mal do que
para o bem, excluída do Paraíso, presa à própria malícia e ao demônio.
A Missa
católica é portanto súplica, a oferta do Redentor que se faz
pecado para lavar no seu Sangue os nossos pecados.
Esta Missa
deve ser seguida com respeito, profundo
silêncio, contemplação devota, participação comovida do coração que contempla e
se une à ação do seu Redentor que ali se apresenta, feito pecado, ao justo Juiz
que sobre tudo faz um exame exato, e intercede a nosso favor para que sejamos
perdoados.
Jesus diz ao
Pai: «Pai, olha para esta perfeita adoração, para
esta perfeita reparação que te ofereço com o meu Sangue puríssimo tirado de uma
Virgem para que se tornasse purificação dos pecados de todo o mundo. Olhando
para o meu Sangue, o meu amor, a minha dor, a minha oração, perdoa-lhes,
esqueça-Se de seus pecados, olhe apenas para mim que te amo com amor eterno,
perfeito, infinito, que os amo mais do que minha própria vida, por isso os
tornei preciosos porque foram comprados a preço do meu próprio Sangue divino.»
E nós
expectadores, adorantes desta súplica, devemos unir nossos corações ao
coração de Jesus que fala por nós, a nosso favor. Deixemo-lo falar
com as palavras e os gestos que a Igreja definiu e canonizou através dos
séculos.
Eis aqui
alguns documentos da Igreja, referentes à Missa:
- Concílio
de Trento: decreto e cânones sobre a Missa:
Cap. 4:
«E porque as
coisas santas devem ser administradas santamente e, de todas, este é o
sacrifício mais santo: A Igreja Católica, para que esse pudesse ser oferecido e
recebido dignamente com todo o respeito, estabeleceu desde muitos séculos o
sagrado cânon, de tal forma purificado de qualquer erro, que não contém nada
que não exale grande santidade e piedade e não eleve a Deus a mente daqueles
que o oferecem. Este, de fato, é composto seja das mesmas palavras do Senhor,
seja da Tradição apostólica e também de tudo o quanto foi estabelecido piamente
pelos Santos Pontífices.» (nE° 1745).
O culto de
adoração, a oferta do sacrifício é portanto algo definido pela Igreja, desde
sempre e não pode ser modificado, alterado, proibido.
- Da Bulla Quo primum tempore de São Pio V de 14 de julho de 1570:
«Já que é
soberanamente oportuno que, na Igreja de Deus, haja uma só maneira de salmodiar
e um só rito para celebrar a Missa, parecia-nos necessário providenciar, o mais
cedo possível, o restante desta tarefa, ou seja, a edição do Missal. Para
tanto, julgamos dever confiar este trabalho a uma comissão de homens eruditos. Restituíram
o mesmo Missal na sua antiga forma segundo a norma e o rito dos santos Padres.»
« A Missa
não poderá ser cantada ou recitada de outro modo senão aquele prescrito pelo
ordenamento do Missal por nós publicado.»
« Por Nossa
presente Constituição, que será valida para sempre, Nós decretamos e ordenamos,
sob pena de nossa indignação, que o uso de seus missais próprios seja supresso
e sejam eles radical e totalmente rejeitados; e, quanto ao Nosso presente
Missal recentemente publicado, nada jamais lhe deverá ser acrescentado, nem
supresso, nem modificado.»
« Além
disso, em virtude de Nossa Autoridade Apostólica, pelo teor da presente Bula,
concedemos e damos o indulto seguinte: que, doravante, para cantar ou rezar a
Missa em qualquer Igreja, se possa, sem restrição seguir este Missal com
permissão e poder de usá-lo livre e licitamente, sem nenhum escrúpulo de
consciência e sem que se possa encorrer em nenhuma pena, sentença e censura,
e isto para sempre. Da mesma forma decretamos e declaramos que os Prelados,
Administradores, Cônegos, Capelães e todos os outros Padres seculares,
designados com qualquer denominação, ou Regulares, de qualquer Ordem, não sejam
obrigados a celebrar a Missa de outro modo que o por Nós ordenado; nem sejam
coagidos e forçados, por quem quer que seja, a modificar o presente Missal, e a
presente Bula não poderá jamais, em tempo algum, ser revogada nem modificada,
mas permanecerá sempre firme e válida, em toda a sua força. »
« Assim,
portanto, que a ninguém absolutamente seja permitido infringir ou, por
temerária audácia, se opor à presente disposição de nossa permissão, estatuto,
ordenação, mandato, preceito, concessão, indulto, declaração, vontade, decreto
e proibição.»
« Se alguém,
contudo, tiver a audácia de atentar contra estas disposições, saiba que
incorrerá na indignação de Deus Todo-poderoso e de seus bem-aventurados
Apóstolos Pedro e Paulo.»
Por outro
lado, como vocês puderam ver, o rito celebrado é um rito antigo confirmado pela
imemorável tradição, canonizado pelo Concílio de Trento e por São Pio V, que
muitos de vocês ainda recordam.
- Pelo
Direito Canônico:
Antigo
Código:
Titulus XII,
De delictis contra religionem
Can. 2320 -
Qui species consecratas abiecerit vel ad malum finem abduxerit aut retinuerit,
est suspectus de hææresi; incurrit in excommunicationem latææ sententiææ
specialissimo modo Sedi Apostolicæ reservatam; est ipso facto infamis, et
clericus prææterea est deponendus.
(Quem
profanar as espécies consagradas, apoderar-se delas ou retê-las com fins sacrílegos,
torna-se suspeito de heresia, incorre na excomunhão latææ sententiææ reservada
de modo especialíssimo à Sede Apostólica; o réu é ipso facto infame e além
disso, se for um eclesiástico, deve ser deposto).
Novo Código:
Can 1367 -
Qui species consecratas abicit aut in sacrilegum finem abducit vel retinet, in
excommunicationem latææ sententiææ Sedi Apostolicææ reser-vatam incurrit;
clericus prææterea alia poena non exclusa dimissione e statu clericali, puniri
potest.
(Quem
profana as espécies consagradas, ou então as carrega ou as conserva com
objetivo sacrílego, incorre na excomunhão latææ sententiææ reservada à Sede
Apostólica; o clérigo além disso pode ser punido com outra pena, não excluída a
demissão do estado clerical).
Quem
duvidará que a essa práxis atual da comunhão na mão não se possa aplicar esse
cânon? Isso é o mesmo que dizer que muitos sacerdotes e bispos se encontram
excomungados pela Igreja Católica! Os fatos são fatos e contra fatos não há
argumentos! É bem verdade que não jogam fora os Fragmentos com propósito
maligno, todavia sabem que os Fragmentos caem , sabem que
em cada um desses Fragmentos está Deus Sacramentado. O que diríamos
então de uma mãe que joga seu filho pela janela sem nenhuma maldade, sem
querer? Se não é criminosa, é louca!
O horror, o
ódio, a ojeriza absoluta pela Missa Tridentina tem qualquer coisa que
ultrapassa a lógica, o raciocínio e até os motivos pastorais. Esta Missa
moderna é um pesadelo, um pecado mortal que faz-nos recordar os
comentários altamente teológicos de Lutero:
«Quando a
missa for derrubada, estou convencido de que juntamente com ela conseguiremos
derrubar o inteiro papismo. O papismo, de fato, se apóia sobre a missa como
sobre uma rocha, todo inteiro, com os seus mosteiros, bispados, colégios,
altares, ministérios e doutrina, em uma palavra , com todo o seu bojo. Tudo
isso cairá necessariamente quando cair a sua missa sacrílega e abominável. Eu
declaro que todos os bordéis, os homicídios, os furtos, os assassinatos e os
adultérios não são nada em comparação com aquela abominação que é a missa
papista.» (Para quem tem uma obsessão por reabilitar Lutero!).
Como
explicar esse fanatismo contra a Santa Missa?
Chamam-na
"nostalgia pelo passado":
Mas será que
um rito...
- Feito segundo "a norma e o rito dos Santos Padres", isto é
desde os primeiríssimos séculos da Igreja,
- Que santificou a Igreja e foi celebrado pelos maiores santos,
- Que reflete o eterno presente de Deus, isto é sem passado nem futuro,
sempre idêntico a si mesmo,
- Regulado pela norma habitual e à qual se anexa uma lei escrita,
totalmente aprovada por atos infalíveis,
- Universalmente celebrado na sua língua sacra e "estabelecido há
muitos séculos",
Pode por
acaso este rito estar sujeito a um gosto (nostalgia) ou desgosto pessoal?
Estes
sentimentalismos e preferências são a característica do protestantismo,
religião criada pelos gostos e pela soberba do homem, não revelada do
Alto.
Acusam-na de
"imobilismo litúrgico".
Na verdade,
se deveria admirar a sua "estabilidade" ao longo dos séculos, como
coisa não humana e sim divina, prova da sua perfeição. Certamente que não
possuem o menor senso de humor estes "instáveis", os quais, sob o
pretexto da participação, da compreensão por parte do povo, usando termos
científicos como: "atualização contínua, inculturação, aprofundamento, a
formação permanente etc., dão asas a todos os seus anseios por novidades,
tomando por lei tudo que não passa de capricho do momento.
E quando uma
comunidade condena seu próprio passado, chamando
de saudosistas aqueles que ainda o amam, seguramente acontecerá que num certo
amanhã, esta mesma comunidade acabará por renegar também o seu presente.
Assim fazem
os instáveis: para ocultar a sua fragilidade, estão sempre em
busca, escrevem livros competentes, fazem elocubrações eruditas, mas nada disso
diminui o fato de que o mutante está sempre em necessidade, de agora em diante
necessidade de uma contínua fuga avante, efeito de uma instabilidade de caráter,
de um desejo de protagonismo, de uma ambição de escrever e reescrever a
história, com contínuas correções ao ponto que no final agem etsi Deus non
daretur, "como se na Missa não se importassem mais se Deus está presente
ou não, se nos fala e se nos escuta " (CARD. RATZINGER, La mia vita).
E no final
eis o "patatrac"! O último achado: a comunhão na mão.
Todavia,
desta vez a coisa se torna grave. São profanações claras e evidentes. Di-lo a
Fé, a piedade cristã, o Direito Canônico.
Descobre-se
que não sabem mais quem é Deus.
Celebram com
convicção e algumas vezes com dignidade, mas um rito pessoal, onde a
"comunidade celebra a si mesma, sem que valha a pena " (CARD.
RATZINGER, La mia vita).
"Sejam
bons atores", é o que tem dito ultimamente o bispo de B. aos
seus sacerdotes.
É verdade,
no teatro, os atores buscam envolver emotivamente os expectadores, caso
contrário, que tipo de atores seriam?
Cria-se,
portanto, comunhão, transmissão de uma mensagem. Com efeito, na busca da
comunicação de homem para homem (sumpaqeia) estão tão atarefados que se
esquecem, por distração, da dimensão vertical do Sagrado.
O Sacerdote
vai em busca do povo com grande afã, deve agradar ao povo, necessita do povo,
não pode mais celebrar sem o povo.
Por outro
lado, o Sacerdote se colocou no lugar onde antes se encontrava Deus,
manifestando assim a sua sede de poder, de aparecer, de presidir, de comandar,
de ser valorizado.
E o povo dá
sua opinião: "como ele celebra bem", "mas ele não acaba
nunca!", "pelo menos esse aí celebra rápido!", "parece que
essa Missa não anda". Ouvimos de tudo, já que se trata dos ritos e das
fantasias do celebrante.
"Se o
sal perde o seu sabor... para nada mais serve senão para ser lançado fora e
calcado pelos homens" (Mt., 5,
13). O Sacerdócio é pisoteado juntamente com a Santíssima Eucaristia, já que
agora são os leigos que mandam no Sacerdote: "Dá- me a hóstia na mão
porque eu tenho esse direito". O sacerdote então é obrigado pelo leigo
a cometer uma profanação.
Dir-me-ão
que estão todos de acordo entre si. É verdade, mas na anarquia.
Dir-me-ão
que estão todos juntos nisso. É verdade, mas a maioria não faz a Verdade.
Há quem
corre na frente, quem permanece atrás, quem empurra e quem freia quem segue
despreocupado a novidade do momento, a sugestão mais aceitável. Do rito da
missa ao repertório dos cânticos (até isso de acordo com o local) se assiste a
uma babel de funções, todas, cada uma mais disputada do que a outra, uma
verdadeira confusão. Cada paróquia se torna um gueto com os seus ritos
próprios, cânticos e usanças.... Como no ecumenismo: unidade na
diversidade, de fato são todos irmãos: na confusão..
A Igreja
Católica ao invés diz: unidade na Verdade. A estabilidade litúrgica, a uniformidade dos ritos plasma cada
sacerdote como numa estampa única, uniforme, fabricada na antiguidade,
conservada e transmitida íntegra pela Autoridade.
O sacerdote
se aniquila no rito porque nele é a Igreja que celebra. E então se pode estar
seguro de que o dogma é transmitido, vivido, a graça se torna presente e é
eficaz.
Em todos os
lugares da Terra, o sacrifício é único, única a língua, único o canto, e
portanto única a casa onde se encontram todos os católicos, irmãos na Verdade,
na verdadeira adoração, na celebração de um rito puro, santo, completo,
inspirado por Deus, agradável a Deus, alma da Igreja, luz dos corações. Rito
que não tem nada de humano, totalmente despojado de elementos e tonalidades
terrestres.
"Imobilismo"
significa estabilidade, solidez, eternidade, verdade, segurança.
Quando no
"Russicum" (Roma), foi proposto pelo Reitor de se cantar em italiano
a epístola e o Evangelho, os romanos se encarregaram de imprimir os textos em
italiano para os fiéis, desde que os textos fossem cantados em slavone.
Não me
parece que nos outros ritos exista um movimento litúrgico de tipo latino, isto
é "ecumênico-evolucionista manipulado pela base e imposto pela
Autoridade".
De qualquer
modo é claro que esta mentalidade atual não tem nada a ver com a mentalidade
católica. A ruptura é evidente, primeiramente na mentalidade
e depois nos fatos.
« A
promulgação da proibição do missal que havia se desenvolvido por séculos, desde
o tempo dos sacramentos da antiga Igreja, comportou uma ruptura na história da
liturgia, cujas conseqüências só podiam ser trágicas...»
« Estou
convencido de que a crise eclesial na qual nos encontramos hoje se deve em
grande parte à decadência da liturgia. »
« A reforma
litúrgica produziu danos extremamente graves para a fé.»
(trechos de
CARD. RATZINGER, La mia vita, ed. San Paolo, 1997).
É provável
também que a crise mundial dependa da abolição do sacrifício perpétuo. De fato
no mesmo período (anos 70):
- cerca de
cem mil sacerdotes e bispos abandonaram o sacerdócio;
- Foram
aprovadas leis sobre o divórcio e sobre o aborto (em abril de 1997 só a Itália
superou mais de um milhão de mortos por abortos e o total de abortos em todo o
mundo supera o número de vítimas de todas as guerras da história humana e
depois ainda fingem que a pena de morte já foi abolida!)
- As
Brigadas vermelhas e o terrorismo na Itália;
- A droga;
- O
satanismo.
"Porque
o mistério da iniquidade já está em ação, apenas esperando o desaparecimento
daquele que o detém. Então o tal ímpio se manifestará." (II Tess., 2, 7-8).
Teria sido
esta reforma a causa desta apostasia?
Seria o
Sacrifício da Missa o obstáculo que detinha o adversário?
«Caros
filhos e filhas, Nós queremos mais uma vez convidá-los a refletirem sobre esta
novidade que é o novo rito da missa, o qual será utilizado na celebração do
santo sacrifício, a partir do próximo domingo, dia 30 de novembro, primeiro
domingo do Advento. Novo rito da missa! É uma mudança que toca uma venerável
tradição multisecular. Esta mudança se dá sobre o desenvolvimento das
cerimônias da missa. Constataremos talvez um certo mal estar porque no altar,
as palavras e os gestos não serão mais idênticos àqueles que estávamos de tal
forma habituados que quase nem mais prestávamos atenção... Devemos nos preparar
para estes múltiplos incômodos que são inerentes a todas as novidades que mudam
os nossos hábitos.
« Os
sacerdotes que celebram em latim, privadamente poderão utilizar até o dia 28 de
novembro de 1971, seja o Missal Romano, seja o novo rito. Se usarem o Missal
Romano, poderão. Se usarem o novo rito, deverão seguir o texto oficial» (PAOLO
VI, Alocução da audiência geral do dia 26 de novembro de 1969).
Portanto, o
rito moderno é oposto ao rito romano tradicional.
Padre Louis Demornex.
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