O Coração Imaculado de Maria Santíssima.
A devoção a este Coração Puríssimo tem por finalidade honrar o amor de Maria Santíssima encerrado porém no seu coração como em vaso precioso. O seu amor é a joia e o seu coração o cofre que a encerra. Na verdade, todo ato de culto tributado ao Coração de Maria, é um ato que abrange toda a sua pessoa.
Consultando o Dicionário Bíblico pude verificar que o Divino Espírito Santo nas Sagradas Escrituras emprega a palavra “coração” por mais de 600 vezes. Julgo, no entanto, suficiente citar uma única passagem: “Praebe, fili mi, cor tuum mihi” (Prov. 23, 26). Em Português: “Dá-me, meu filho, o teu coração”. Com esta palavra, Deus está pedindo todo o nosso ser.
Beijamos a mão de um superior, mas sabemos que com este gesto queremos demonstrar o nosso respeito e afeto a toda a sua pessoa e não apenas à sua mão. Assim, comparando, ao honrarmos, ao prestarmos um culto de veneração ao Coração de Maria Santíssima, temos em vista honrar toda a grandeza e santidade de sua pessoa. Queremos honrar e venerar sobretudo o seu amor do qual o coração é símbolo. Olhemos para o Coração de Nossa Mãe do Céu e não esqueçamos que ela é também Mãe de Deus. Deus empregou o sua onipotência, a sua sabedoria e todo o seu amor ao preparar o Coração de Sua Mãe Santíssima. É a obra-prima saída das mãos de Deus Onipotente. Se Maria Santíssima havia de amar a Deus e aos homens com um amor só inferior ao de Deus, como seria o coração que encerraria tal amor?
O coração de carne de Maria Santíssima (objeto material desta devoção) foi o instrumento de que se valeu o Espírito Santo para a Encarnação. Daquele Coração puríssimo e imaculado, brotou o sangue preciosíssimo de que se formou o corpo sacrossanto e até o próprio Coração Sacratíssimo de Jesus! Ali formou o Altíssimo aquele sangue que Jesus havia de oferecer na cruz pela salvação da humanidade.
Não podemos conceber nenhum mistério da vida da Santíssima Virgem ao qual não correspondam neste Coração novas pulsações, novos movimentos. O Coração Imaculado de Maria era o órgão sensível do seu amor, como instrumento que recebia todas as impressões do corpo e da alma para se transformar em amor, para se abrasar cada vez mais no fogo do amor de Deus e do próximo.Por isso o representamos encimado de chamas. Caríssimos, na verdade a devoção ao Imaculado Coração de Maria é o melhor caminho , a melhor preparação para a prática da devoção ao Coração de Jesus. “Eis o Coração que tanto amou os homens”, disse Jesus, para nos incitar ao seu amor. Pois bem, depois do de Jesus, nenhum coração nos amou como o de Maria, nenhum coração pode servir-nos de modelo como o de Maria. Portanto, a devoção ao Coração de Jesus, exige uma devoção terna ao Coração da Santíssima Virgem. E esta é a vontade de Deus. Daí, estes dois Corações, o de Jesus digno de toda veneração e também adoração na Eucaristia; e o de Maria, digno não de adoração mas de uma veneração todo especial, isto é, digno de uma hiperdulia, devem estar sempre juntos. Esta é a vontade de Deus. Neste particular podemos também dizer: “Não separe o homem o que Deus uniu”. Como disse São Luiz Grignon de Montfort: “Foi por intermédio da Santíssima Virgem Maria que Jesus Cristo veio ao mundo, e é também por meio dela que ele deve reinar no mundo”. Assim podemos dizer que o próprio Deus deseja que o Sacratíssimo Coração de Jesus reine no mundo através do Imaculado Coração de Sua Mãe Santíssima. Daí, devemos pedir ao Coração Imaculado da Santíssima Virgem que nos ensine a conhecer e a amar o Coração Divino de Jesus.
Sabemos pela Sagrada Teologia que Maria Santíssima, pela sua dignidade de Mãe de Deus, foi introduzida na participação do mesmo Deus, quanto isso é permitido a uma pura criatura. Filha predileta de Deus Pai; Mãe amorosíssima de Deus Filho; Esposa santíssima e fidelíssima do Divino Espírito Santo. Teve um período na vida de Maria Virgem e Mãe em que realmente a vida de Deus era a vida de Maria. O Coração de Deus pulsava pelos impulsos do Coração de sua Mãe Santíssima. E, por isso era tal a união entre os dois Corações, que viviam uma vida perfeitamente comum.
O único Coração que ama a Deus com o amor que merece é o Coração Sacratíssimo de Jesus, e depois, mas juntamente com Ele e por Ele, o puríssimo Coração de Maria Santíssima. A sempre Virgem Maria poderia dizer com muito mais razão e propriedade do que São Paulo: “Vivo, mas não sou eu que vivo, é Jesus que vive em mim”. Aí fica patente a santidade do Coração de Maria! Pois, a santidade consiste na participação de Deus, no amor que transforma a alma em Deus, em chegar a ser uma verdadeira imagem de Deus. O Coração de Maria é o tabernáculo da divindade, o templo vivo onde Deus se dignou fixar a sua morada. Donde, tudo neste Coração é santo, nada há nele, até o mais imperceptível movimento, que o não seja: pensamentos, desejos, amores, palavras, obras, tudo, tudo é santo. Digno Coração da digna Mãe de Deus! E toda língua se cale! E se o Coração de Maria Santíssima é santo com a santidade participada de Deus, é também formosíssimo com a beleza de Deus. Santo Agostinho define a beleza como: O esplendor da ordem”. Haverá ordem no coração e em todo o nosso ser, quando se seguir a vontade de Deus, manifestada interiormente pelos impulsos da graça e pelas inspirações divinas. Tudo que Deus fez era bom, estava tudo em ordem. Reinava a paz. O pecado trouxe a desordem. O coração humano abusando do poder da sua vontade, e do dom da sua liberdade, desprezou esta ordem divina e passou a viver em contínua desordem. Pois bem! O Coração de Maria é puríssimo e imaculado desde o primeiro instante de sua existência. Que ordem, que paz, que beleza, que simplicidade reúnem-se no Coração Imaculado de Maria! No Coração de Maria Santíssima temos o modelo que Deus nos concede, não só para que o admiremos, mas sobretudo para o imitarmos.
Mas o Coração de Maria tinha de ser um Coração de Mãe, mas de Mãe Dolorosa. Seu Coração aparece sempre trespassado por uma espada cruel e penetrante. Representamo-lo também cercado de rosas. Mas não esqueçamos que debaixo das rosas estão os espinhos. Segundo as profecias, Jesus devia ser o Homem das dores. Como foi da vontade de Deus que sua Mãe fosse Corredentora, assim ela devia ser também a Mãe das dores. Não devia sofrer em seu corpo tormentos físicos; e por isso todos os sofrimentos se lhe acumularam forçosamente no Coração. De acordo com os Santos Padres, todos os padecimentos sofridos por Jesus em seu Corpo Sacrossanto, sofreu-os Maria todos, um por um, no seu Coração Imaculado de Mãe. Como uma sacerdotisa, estava de pé junto à cruz de seu Divino Filho, oferecendo-O, segundo a vontade do Pai, como vítima pela salvação dos homens; oferecendo em consequência, igualmente o seu Coração Imaculado para ser transpassado por aquela espada de dor predita pelo velho Simeão, para que desta ferida aberta na sua alma, nascêssemos todos nós, os filhos de sua dor. Diante de seus olhos, Jesus foi morrendo aos poucos derramando gota a gota, todo o seu sangue. E, assim, vendo extinguir-se a Vida que ela gerou sem dor, deu-nos a vida, gerando-nos na dor. Nossa Senhora é nossa Mãe espiritual. O amor de seu Puríssimo Coração por nós, é amor de mãe. Sabemos o que isto significa. Tudo o que na terra é amor, etá compendiado no coração de uma mãe. O próprio Deus, quando quer falar do seu amor aos homens e que estes saibam até onde chega o seu amor,compara-se a uma mãe: “Será possível a uma mãe esquecer o seu filho”? O coração de mãe é como um oceano de amor que não tem limites.
E, caríssimos, quem mais mãe do que a Virgem Santíssima? Se é Mãe de Deus!!! e mãe de todos os homens, como será então o seu Coração? Que amor nele haverá!!! Há sim maravilhas infinitas! Depois, devemos considerar que o Filho de Deus era exclusivamente seu filho, sem intervenção de nenhuma outra paternidade, além da de Deus; por isso é mais mãe que nenhuma outra mãe: Deus e Ela, ninguém mais interveio nesta admirável maternidade. Mãe alguma pode dizer com maior razão do que Ela, ao estreitar o filhinho sobre o coração: “és meu e todo meu”.
E nunca certamente o Coração de Maria esteve separado em seu amor, do de seu divino Filho! Ele foi principalmente o objeto do seu amor. Mas n’Ele e com Ele e também num sentido certo e verdadeiro, éramos outrossim seus filhos. Que amor do seu Coração maternal para conosco! Na verdade, com o seu fiat na Anunciação Maria aceitou ser Mãe de Deus e Mãe nossa. Sabendo que esta era a vontade de Deus, o seu Coração amantíssimo abraça-se com as duas maternidades . Deus é nosso Pai amantíssimo e bondoso. O Coração misericordiosíssimo da Santíssima Virgem é efeito desta bondade e deste amor de Deus para com os homens. É um Coração compassivo que sente como próprias as necessidades e misérias alheias; um Coração misericordioso que chora com os que choram, sofre com os que sofrem e também alegra-se com os que estão alegres. Basta pensarmos nas Bodas de Caná, na visita a sua prima Santa Isabel, no Calvário, no Cenáculo após a Ressurreição e Ascensão de Jesus. Que exemplo maravilhoso de bondade! O Coração de Maria Santíssima nunca desanima, nem se cansa. Espera sempre, confia sempre em poder remediar a situação dos filhos. Como que voa por toda parte fazendo o bem!
Maria Santíssima possui a Onipotência do próprio Deus e emprega-a total e generosamente para socorrer os seus filhos. E a compaixão de Seu Coração nunca é inútil, como acontece frequentemente com as outras mães que desejam fazer o melhor pelos seus filhos, mas não sabem ou não podem.
E o mais admirável é que esta misericórdia maternal de Nossa Senhora não terminou com a morte, como sucede com a das mães terrenas. Agora que está no céu o seu Coração é o mesmo. Se alguma mudança sofreu no Céu o Coração de Maria, foi para ser ainda mais compassiva, mais clemente e misericordiosa para se aproveitar melhor da sua condição de Imperatriz em favor dos degredados filhos de Eva.
“CORAÇÃO IMACULADO DE MARIA! SEDE A NOSSA SALVAÇÃO JUNTO AO CORAÇÃO DE JESUS! AMÉM!
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