domingo, 7 de julho de 2013

ALICERCES DESTRUÍDOS: OS APÓSTATAS CONSEGUIRAM!

ALICERCES DESTRUÍDOS: OS APÓSTATAS CONSEGUIRAM!


“Se o nosso Evangelho ainda estiver encoberto, está encoberto para aqueles que se perdem,

para os incrédulos, cujas inteligências o deus deste mundo obcecou a tal ponto que não

percebem a Luz do Evangelho, onde resplandece a glória de Cristo, que é a imagem de


Deus.” (2 Cor. 4, 3-4)





Carta de Dom Lefebvre ao Cardeal Ottaviani sobre o perigo que

corriam certas verdades fundamentais de nossa fé depois do

Concílio Vaticano II


“Um ano depois do Concilio, a fé de numerosos fiéis estava de tal maneira

abalada que o cardeal Ottaviani pediu a todos os bispos do mundo e aos

superiores gerais de ordens e congregações para responderem a uma pesquisa

sobre o perigo que corriam certas verdades fundamentais de nossa fé.”

“Parece-me oportuno publicar agora a resposta que lhe enviei como superior geral
da Congregação do Espírito Santo e do Santo Coração de Maria.”



Roma, 20 de dezembro de 1966.

Eminência reverendíssima,

Vossa carta de 24 de julho concernente à negação de certas verdades foi

comunicada pelo nosso secretariado a todos os nossos superiores maiores.

Dos erros difundidos por toda parte, uma nova religião



Chegaram poucas respostas. As que chegaram da África não negam que reina

atualmente uma grande confusão nos espíritos. Se estas verdades não são postas em

dúvida, no entanto, na prática, se assiste a uma diminuição do fervor e da




regularidade na recepção dos sacramentos, sobretudo do sacramento da

Penitência. Constata-se uma grande diminuição do respeito à Sagrada


Eucaristia, sobretudo por parte dos padres; esvaziamento das vocações



sacerdotais nas missões de língua francesa; as de língua inglesa e portuguesa estão

menos atingidas pelo novo espírito, mas as revistas e jornais já difundem teorias das

mais avançadas.

Parece que a causa do pequeno número de respostas recebidas provém da

dificuldade de perceber estes erros que são difusos em toda parte; o mal se situa,




sobretudo em uma literatura que semeia confusão nos espíritos pelas

descrições ambíguas, equívocas, mas sob a qual se descobre uma nova


religião. Creio meu dever vos expor com clareza o que ressalta das minhas conversas



com numerosos bispos, padres, leigos da Europa e da África, e também o que aparece

de minhas leituras em países ingleses e franceses.

O mal atual, continuação do liberalismo condenado pelos papas do século

XIX


De boa vontade seguiria a ordens das verdades enunciadas em vossa carta, mas

ouso dizer que o mal atual me parece muito mais grave do que a negação ou a

controvérsia de uma verdade de nossa fé. Ele se manifesta em nossos dias por




uma extrema confusão das idéias, pela desagregação das instituições da

Igreja, instituições religiosas, seminários, escolas católicas, em definitivo,

daquilo que foi o sustentáculo permanente da Igreja, mas não é outra coisa do

que a continuação lógica das heresias e erros que minam a Igreja desde os

últimos séculos, especialmente depois do liberalismo do sec. XIX que se

esforçou a todo preço para conciliar a Igreja e as idéias que saíram da

Revolução.


Na medida em que a Igreja se opôs a essas idéias que vão contra a sã filosofia e

a teologia, ela progrediu; do contrário todo compromisso com essas idéias subversivas

provocou um alinhamento da Igreja com o direito comum e o risco de tornar-se escrava

das sociedades civis.

Outrora, cada vez que grupos de católicos se deixavam atrair por esses

mitos, os papas, corajosamente, os chamavam à ordem, lhes esclareciam e se

preciso condenavam. O liberalismo católico foi condenado por Pio IX, o

modernismo por Leão XIII, o Sillon por são Pio X, o comunismo por Pio XI, e o

neomodernismo por Pio XII.


Graças a esta admirável vigilância a Igreja se consolida e se desenvolve. As

conversões de pagãos, de protestantes são muito numerosas; a heresia está em plena

derrota, os Estados aceitam uma legislação mais católica.

No entanto os grupos religiosos imbuídos destas idéias falsas conseguem

retomá-los na Ação Católica, nos seminários, graças a uma certa indulgência

de bispos e a tolerância de alguns dicastérios romanos. Em pouco tempo serão

estes padres que serão escolhidos para bispos.

O Concilio, casamento da Igreja com as idéias liberais


É aqui que se situa, então, o Concilio que se preparou pelas Comissões

preparatórias para proclamar a verdade em face desses erros, a fim de fazê-los

desaparecer por muito tempo do seio da Igreja. Seria o fim do protestantismo e o

começo de uma nova era fecunda para a Igreja.

Ora, essa preparação foi odiosamente rejeitada para dar lugar a mais

grave tragédia já suportada pela Igreja. Assistimos ao casamento da Igreja

com as idéias liberais. Seria negar a evidência fechar os olhos, não afirmar

corajosamente que o Concilio permitiu àqueles que professam os erros e as

tendências condenadas pelos papas citados acima, de crer legitimamente que

suas doutrinas estavam desde então aprovadas.

Então, quando o Concilio se preparava para ser um clarão luminoso no

mundo de hoje, se tivessem sido utilizados os textos pré-conciliares nos quais

se encontrava uma profissão solene de doutrina segura em relação aos

problemas modernos, pode-se e se deve infelizmente afirmar que de uma

maneira quase geral, quando o Concilio inovou, abalou a certeza de verdades

ensinadas pelo Magistério autêntico da Igreja como pertencendo

definitivamente ao tesouro da tradição.


Que se trate da transmissão da jurisdição dos bispos, das duas fontes da

revelação, da inspiração das Sagradas Escrituras, da necessidade da graça para a

justificação, da necessidade do batismo católico, da vida da graça nos heréticos,

cismáticos e pagãos, dos fins do casamento, da liberdade religiosa, dos fins últimos,

etc… Sobre estes pontos fundamentais, a doutrina tradicional é clara e ensinada

unanimemente nas universidades católicas. Ora, numerosos textos do Concilio

sobre estas verdades permitem atualmente pô-las em dúvida.




Conseqüências desastrosas do Concílio na vida da Igreja


As conseqüências foram rapidamente tiradas e aplicadas na vida da Igreja:

- As dúvidas quanto à necessidade da Igreja e dos sacramentos trazem o

desaparecimento das vocações sacerdotais.

- As dúvidas sobre a necessidade e a natureza da “conversão” de cada alma

trazem o desaparecimento das vocações religiosas, a ruína da espiritualidade

tradicional nos noviciados, a inutilidade das missões.

- As dúvidas sobre a legitimidade da autoridade e a exigência da obediência

provocada pela exaltação da dignidade humana, da autonomia da consciência, da

liberdade, abalam todas as sociedades a começar pela Igreja, as sociedades religiosas,

as dioceses, a sociedade civil, a família.

O orgulho traz como conseqüência todas as concupiscências dos olhos e da carne.

Talvez seja uma das constatações mais atrozes de nossa época, ver a que decadência

moral chegou à maior parte das publicações católicas. Falam sem o menor pudor da

sexualidade, da limitação dos nascimentos por qualquer meio, da legitimidade do

divórcio, da educação mista, do flerte, dos bailes como meios necessários à educação

cristã, do celibato dos padres, etc.

- As dúvidas sobre a necessidade da Igreja única fonte de salvação, sobre a

Igreja católica única religião, provenientes das declarações sobre o ecumenismo e

liberdade religiosa, destroem a autoridade do Magistério da Igreja. Com efeito, Roma

não é mais a “Magistra Veritatis (Mestra da Verdade)” única e necessária.

É preciso, pois, forçado pelos fatos, concluir que o Concilio favoreceu de uma

maneira inconcebível a difusão dos erros liberais. A fé, a moral, a disciplina eclesiástica

foram abaladas em seus fundamentos, segundo as previsões de todos os papas.

A destruição da Igreja avança a passos rápidos. Por uma autoridade

exagerada dada às Conferências episcopais, o Soberano Pontífice tornou-se

impotente. Em um só ano, quantos exemplos dolorosos! No entanto o Sucessor

de Pedro e só ele pode salvar a Igreja.

Remédios propostos


Que o Santo Padre se cerque de vigorosos defensores da fé, que os designe em

dioceses importantes. Que se digne por documentos importantes proclamar a verdade,

perseguir o erro, sem temor das contradições, sem temor dos cismas, sem temor de

por em causa as disposições pastorais do Concilio.

Digne-se o Santo Padre: encorajar os bispos a endireitar a fé e os costumes

individualmente, cada um em sua respectiva diocese, como convém a todo bom pastor;

sustentar os bispos corajosos incitá-los a reformar seus seminários, e restaurar aí o

estudo de Santo Tomás; encorajar os superiores gerais a manter nos noviciados e

comunidades princípios fundamentais de toda ascese cristã, sobretudo a obediência;

encorajar o desenvolvimento de escolas católicas, a imprensa da sã doutrina, as

associações de famílias cristãs; enfim, reprimir os que erram e reduzi-los ao silêncio. As

alocuções das quartas-feiras não podem substituir às encíclicas, os mandamentos, as

cartas para os bispos.

Sem dúvida estou sendo bem temerário ao me exprimir desta maneira! Mas é




com um amor ardente que componho estas linhas, amor pela glória de Deus,

amor por Jesus, amor por Maria, por sua Igreja, pelo Sucessor de Pedro, bispo

de Roma, Vigário de Jesus Cristo.


Dignai o Espírito Santo, a quem é dedicada nossa Congregação, vir em ajuda ao

Pastor da Igreja universal.

Que Vossa Eminência digne assegurar-se de meu mais respeitoso devotamento

em Nosso Senhor.

+ Marcel Lefebvre


Arcebispo titular de Sinada na Frígia,

Superior Geral da Congregação do Espírito Santo

Fonte: http://www.fsspx.com.br/



(Nota: os grifos são nossos.)

“Estou admirado de que tão depressa passeis daquele que vos chamou à graça de Cristo

para um Evangelho diferente. De fato, não há dois (evangelhos): há apenas pessoas que

semeiam a confusão entre vós e querem perturbar o Evangelho de Cristo. Mas, ainda que

alguém – nós ou um anjo baixado do céu – vos anunciasse um evangelho diferente do que

vos temos anunciado, que ele seja anátema. Repito aqui o que acabamos de dizer: se alguém

pregar doutrina diferente da que recebestes, seja ele excomungado! É, porventura, o favor

dos homens que eu procuro, ou o de Deus? Por acaso tenho interesse em agradar aos

homens? Se quisesse ainda agradar aos homens, não seria servo de Cristo.”


(Gl. 1, 6-10)

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