quinta-feira, 3 de março de 2016

CARTA ABERTA DE APOIO AO REV.PE.ERNESTO CARDOZO


CARTA ABERTA DE APOIO AO REV.PE.ERNESTO CARDOZO



“É melhor uma grei sem pastor do que ter um lobo por pastor”. Santo Inácio de Loyola [1]

 
A Missão São José de Pouso Alegre/MG-Brasil, declara apoio aberto, geral e irrestrito ao Padre Ernesto Javier Cardozo, no que concerne à sua posição na condenação formal do Concílio Vaticano II e nas suas declarações a respeito da inexistência de Milagres fora da Igreja e todo o tema que circunda esta polêmica.

Aderimos ao apostolado do Padre Ernesto Javier Cardozo, entanto e enquanto o mesmo siga a ensinar (como vem fazendo) a Doutrina Católica em consonância com todo o Verdadeiro Magistério Eclesial, a saber, pré-conciliar, sem sofismas, sem ambiguidades e sem heterodoxia.

Rechaçamos quaisquer formas de ataque pessoal à pessoa do padre e dos seus colaboradores, como tem sido feito, tendo em vista que a polêmica é Doutrinal e não pessoal. Aos detratores do padre, “pedimos” [2] refutações concretas, sem ambigüidades e sofismas, ao invés de ataques pessoais, o que empobrece a discussão.

A respeito da Sagração Episcopal a ser realizada em Nova Friburgo/RJ, sendo o candidato ao episcopado Dom Tomás de Aquino, osb, não compartilhamos deste ato até que todos os envolvidos nesta polêmica desfaçam o imbróglio criado por eles mesmos.

Somos filhos espirituais de Dom Castro Mayer e Dom Marcel Lefebvre e, por isso, não aceitamos sermos confundidos com todos os que pensam que “a Igreja conciliar e neomodernista não é portanto nem uma Igreja substancialmente diferente da Igreja Católica nem absolutamente idêntica; ela tem misteriosamente algo de um e de outra: é um corpo estranho que ocupa a Igreja Católica. É preciso distingui-las sem separá-las.” [3]

Dom Castro Mayer, com sabedoria e viva inteligência, diferente dos que acreditam que a igreja neo-modernista e a Igreja Católica encontram-se intimamente unidas a ponto de “distingui-las sem separá-las”, diz que “uma igreja engajada irreversivelmente nesse ecume­nismo pós-conciliar não é a Igreja de Cristo, Igreja Católica Apostólica Romana. Os fiéis não podem seguir seu ensinamento. Os católicos para conservarem fiéis aos ensina­mentos de Nosso Senhor Jesus Cristo, devem estar alertas e vigilantes para não se deixarem levar por essa falsa igreja.” [4]

Com isso, sem mais, deixamos clara a nossa posição e a nossa adesão ao Apostolado do Padre Ernesto Cardozo, rogando a Deus que lhe dê muita saúde e vida longa, porque, como mesmo disse Dom Richard Williamson: “o caos ficará ainda pior...”

Destarte, conclamamos a todas as Missões que apóiem o Padre Ernesto Cardozo, sua posição e seu Apostolado a fazer cartas abertas demonstrando a sua fiel adesão.

Pouso Alegre/MG-Brasil, 03 de março de 2.016.




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Notas:

[1] Santo Inácio de Loyola a São Pedro Canísio, 13 de agosto de 1554 citado em VIGIL, José Maria. Vivendo o Concílio. Trad. J. Alves. São Paulo: Paulinas, 1987, pág. 203.

[2] Coloca-se aspas na palavra “pedimos” porque não é um pedido em si, senão, uma lembrança de que estamos tratando de questões doutrinais e não de questões pessoais.

[3] Revista “Le Sel de la terra” dos dominicanos de Avrillé, edição de inverno de 2015, podendo, o artigo, ser lido em português, aqui.



[4] Texto: “A Igreja do Vaticano II não pode ser a Igreja Católica”, podendo ser lido aqui. Os grifos não contém nos originais.

sábado, 13 de fevereiro de 2016

A Religião do Homem

A Religião do Homem

Ou pela dificuldade do empreendimento , ou por uma concepção ao espírito do tempo, o fato é que, na execução do plano traçado pelo Concílio Vaticano II, em largos meios católicos, o esforço da adaptação foi além da simples expressão mais ajustada a mentalidade contemporânea. Atingiu a própria substância da Revelação. Não se cuida de uma exposição da verdade revelada,em termos que os homens facilmente a entendam; procura-se, por meio de uma linguagem ambígua e rebuscada, mais propriamente, propor uma nova Igreja, ao sabor do homem, formando segundo as máximas do mundo de hoje. Com isso, difunde-se, mais ou menos por toda a parte, a idéia de que a Igreja deve passar por uma mudança radical, na sua Moral, na sua Liturgia, e mesmo na sua Doutrina. Nos escritos, como no procedimento, aparecidos em meios católicos após o Concílio, inculca-se a tese de que a Igreja tradicional, como existira até o Vaticano II, já não está a altura dos tempos modernos. De maneira que ela deve transformar-se totalmente.
E uma observação radical, sobre o que se passa em meios católicos, leva à persuasão de que, realmente, após o Concílio, existe uma nova Igreja, essencialmente distinta daquela conhecida, antes do grande Sínodo, como única Igreja de Cristo. Com efeito, exalta-se como princípio absoluto, intangível, a dignidade humana, a cujos direitos submetem-se a Verdade e o Bem. Semelhante concepção inaugura a Religião do homem. Faz esquecer a austeridade cristã e a bem-aventurança do Céu. Nos costumes, o mesmo princípio olvida a ascética cristã, e tem toda a indulgência para o prazer mesmo sensual, uma vez que na Terra, é que o homem há de buscar sua plenitude. Na vida conjugal e familiar, a Religião do homem enaltece o amor, e sobrepõe o prazer ao dever, justificando, a esse título, os métodos anticoncepcionais, diminuindo a oposição ao divórcio, e sendo favorável à homossexualidade e à co-educação, sem temer a sequela de desordens morais, a ela inerentes, como consequência do pecado original. Na vida pública, a Religião do homem não compreende a Hierarquia e propugna o igualitarismo próprio da ideologia marxista e contrário ao ensinamento natural e revelado, que atesta a existência de uma ordem social exigida pela própria natureza. Na vida religiosa, o mesmo princípio preconiza um ecumenismo que, em benefício do homem, congrace todas as religiões e almeja uma Igreja como sociedade de assistência social, e torne ininteligível o sagrado, só compreensível em uma sociedade hierárquica. Daí a preocupação excessiva com a promoção do clero, cujo celibato se considera algo absurdo, bem como o teor da vida sacerdotal singular, intimamente ligado ao seu caráter de pessoa consagrada exclusivamente ao serviço do altar. Em Liturgia, rebaixa-se o sacerdote a simples representante do povo, e as mudanças são tantas e tais que ela deixa de representar, adequadamente, aos olhos do fiel, a imagem da Esposa do Cordeiro, Una, Santa, Imaculada. É evidente que o relaxamento moral e a dissolução litúrgica não poderiam coexistir com a imutabilidade do dogma (Pastoral, "Aggiornamento e Tradição" em "Por um Cristianismo autêntico", p. 360-362). Estamos, pois, diante de uma nova religião, a religião do homem.

Mayer, Dom Antonio de Castro. Boletim Diocesano, abril de 1972

Foi também publicado pelos Dominicanos aqui.