São aqueles que fazem as novidades que estão no cisma.
Nós continuamos a Tradição apoiados sobre vinte séculos de santidade da
Igreja...
Parte
da homilia histórica proferida por Dom Marcel Lefebvre em Lille, França.
n/d
Em 29 de agosto de 1976
"A Igreja, se ela tem de dialogar, é para converter.
Nosso Senhor disse: “Ide, ensinai a todas as nações, convertei-as”. Porém ele
não disse: “Dialoguem com elas (outras religiões, seitas e falsas igrejas) para
não convertê-las, para tentar se colocar em pé de igualdade com elas”. O erro e
a verdade são incompatíveis. Se se tem caridade pelos outros, – e, como acaba
de recordá-lo o Evangelho, aquele que tem a caridade, é aquele que serve os
outros – se temos caridade pelos outros, devemos lhes dar Nosso Senhor, lhes
dar a riqueza que temos, e não conversar com eles, dialogar com eles em pé de
igualdade. A verdade e o erro não estão em pé de igualdade. Isso seria colocar
Deus e o diabo em pé de igualdade, visto que o diabo é o pai da mentira, o pai
do erro.
Devemos, consequentemente, ser missionários. Devemos
pregar o Evangelho, converter as almas a Jesus Cristo, e não dialogar com elas,
tentando absorver seus princípios. É essa vontade de diálogo com os
protestantes que nos valeu essa missa bastarda, esses ritos bastardos. Os
protestantes nos disseram: “Não queremos sua missa, porque ela comporta coisas
incompatíveis com nossa fé protestante, então mudem essa missa e poderemos
rezar com vocês, poderemos fazer intercomunhões, poderemos receber seus
sacramentos, vocês poderão vir às nossas igrejas, nós iremos às suas, e tudo
estará acabado, e teremos a unidade”. Sim, teremos a unidade, mas na confusão,
na bastardia. Não queremos isso. Nunca a Igreja o quis. Amamos os protestantes,
gostaríamos de convertê-los, mas fazê-los crer que eles têm a mesma religião
que a religião católica não é amá-los".
Pois bem! sim, queremos professar o triunfo da Cruz de
Nosso Senhor Jesus Cristo em nossa missa. E é por isso que nos ajoelhamos,
gostamos de nos ajoelhar diante da Santa Eucaristia. Se tivéssemos tempo, se
não quiséssemos lhes deter demais, teríamos circulado em meio a vocês com o
Santo Sacramento, para que vocês manifestassem a Nosso Senhor Jesus Cristo, à
sua Eucaristia santa que vocês o adoram: “Senhor, Sois nosso Deus! Oh! Jesus
Cristo, Vos adoramos! Sabemos que é por Vós que nascemos, é por Vós que temos
sido cristãos, é por Vós que fomos redimidos, sois Vós que nos julgará na hora
da nossa morte. Sois Vós que nos dará a glória do céu se a merecermos”.
Pois Nosso Senhor Jesus Cristo está presente na Santa
Eucaristia como Ele estava sobre a Cruz.
Eis o que devemos fazer, eis o que devemos pedir.
Não somos contra ninguém. Não somos destacamentos. Não
desejamos mal a ninguém. Queremos somente que nos deixem professar nossa fé em
Nosso Senhor Jesus Cristo. E por causa disso nos expulsam de nossas igrejas,
expulsam esses pobres padres que dizem a missa tradicional pela qual todos os
nossos santos e nossas santas foram santificados: Santa Joana d’Arc, o Santo
Cura d’Ars, Santa Teresa do Menino Jesus. E eis que padres são expulsos,
cruelmente, brutalmente, de suas paróquias, porque eles dizem essa missa que
santificou santos durantes séculos! Isso é um absurdo! Diria quase que é uma
história de loucos. Perguntamo-nos se
estamos sonhando! Não é possível que essa missa tenha se tornado uma espécie de
horror para nossos bispos, para aqueles que deveriam conservar nossa fé. Pois
bem! guardaremos a missa de São Pio V! Por quê? Porque a missa de São Pio V
representa nossa fé, ela é uma muralha para nossa fé, e precisamos dessa
muralha para nossa fé.
Meus queridos irmãos, termino dizendo-lhes: “O que vocês
devem fazer?” Ó! eu bem sei, muitos grupos (conservadores) nos perguntam:
“Monsenhor, conceda-nos padres, dê-nos verdadeiros padres, é disso que
precisamos. Temos lugar para colocá-los, construiremos uma pequena capela, eles
ficarão em nossa casa, eles instruirão nossos filhos de acordo com o verdadeiro
catecismo, de acordo com a verdadeira fé. Queremos conservar a verdadeira fé,
como os japoneses fizeram durante três séculos, quando eles não tinham padres.
Dê-nos padres! Pois bem! Meus queridos irmãos, farei todo o possível para
preparar-lhes padres, e posso dizer que minha grande consolação é sentir nesses
seminaristas uma fé profunda, verdadeiros padres. Eles compreenderam o que é
Nosso Senhor Jesus Cristo.
E é por isso que não estamos no cisma, somos os continuadores
da Igreja católica. São aqueles que fazem as novidades que estão no cisma. Nós
continuamos a Tradição, e é por isso que devemos confiar, não devemos nos
desesperar mesmo diante da situação atual, devemos manter, manter nossa fé,
manter nossos sacramentos, apoiados sobre vinte séculos de tradição, apoiados
sobre vinte séculos de santidade da Igreja, de fé da Igreja. Não temos que
temer nada.
Alguns jornalistas me perguntaram por vezes: “Monsenhor,
o senhor se sente isolado?”. “De modo algum, de modo algum, não me sinto
isolado, estou com vinte séculos de Igreja, e estou com todos os santos do
céu!”
Então nos dizem: “Vocês devem estar com o papa, o papa é
o sinal de fé na Igreja”. Sim, na medida em que o papa manifesta seu estado de
sucessor de Pedro, na medida em que ele se faz o eco da fé de sempre, na medida
em que ele transmite o tesouro que ele deve transmitir. Pois o que é um papa,
mais uma vez, senão aquele que nos confere os tesouros da Tradição e o tesouro
do depósito da fé, e a vida sobrenatural pelo sacramento e pelo sacrifício da
missa? O bispo não é outra coisa, o padre não é outra coisa senão aquele que
transmite a verdade, que transmite a vida que não lhe pertence. A epístola o
dizia a pouco, a verdade não nos pertence. Ela não pertence mais ao papa que a
mim. Ele é o servo da verdade, como devo ser o servo da verdade. Se acontecesse
do papa não fosse mais o servo da verdade, ele não seria mais papa. Não digo
que ele não o seja mais – notem bem, não me façam dizer o que não disse – mas
se acontecesse disso ser verdade, não poderíamos seguir alguém que nos
arrastasse ao erro. Isto é evidente.
Dizem-nos: “Vocês julgam o papa”. Mas onde está o
critério da verdade? Dom Benelli jogou na minha cara: “Não é o senhor que faz a
verdade”. Claro, não sou eu que faço a verdade, mas também não é o papa. A
Verdade é Nosso Senhor Jesus Cristo, portanto devemos nos reportar ao que Nosso
Senhor Jesus Cristo nos ensinou, ao que os Padres da Igreja e toda a Igreja nos
ensinou, para saber onde está a verdade. Não sou eu quem julga o Santo Padre, é
a Tradição. Uma criança de cinco anos, com seu catecismo, pode muito bem
responder para o seu bispo. Se seu bispo viesse lhe dizer: “Nosso Senhor não
está presente na Santa Eucaristia. Sou eu que sou a testemunha da verdade e te
digo que Nosso Senhor não está presente na Santa Eucaristia”. Pois bem! essa
criança, apesar de seus cinco anos, tem seu catecismo. Ela responde: “Mas, o
meu catecismo diz o contrário”. Quem tem razão? O bispo ou o catecismo? O
catecismo evidentemente, que representa a fé de sempre, e isso é simples, é
pueril como raciocínio.
Mas aqui estamos. Se hoje nos dizem que se pode fazer
inter-comunhões com os protestantes, que não há mais diferença entre nós e os
protestantes, pois bem! isso não é verdade. Há uma diferença imensa. É por isso
que ficamos realmente estupefatos quando pensamos que se fizeram abençoar pelo
arcebispo de Canterbury – que não é padre, visto que as ordenações anglicanas
não são válidas, o papa Leão XIII o declarou oficialmente e definitivamente, e
que é herege como o são todos os anglicanos (lamento isso, eles não gostam mais
desse nome, mas ainda assim esta é a realidade, não é para insultar que eu o
emprego, somente peço sua conversão) – quando se pensa então que ele é herege e
que lhe pedem para abençoar com o Santo Padre a multidão dos cardeais e bispos
presentes na igreja de São Paulo! Há aqui algo absolutamente inimaginável!
Concluo agradecendo-lhes por terem vindo tão numerosos,
agradecendo-lhes também por continuar a fazer dessa cerimônia, uma cerimônia
profundamente piedosa, profundamente católica. Rezemos então juntos, pedindo ao
Bom Deus para nos conceder os meios de resolver nossas dificuldades. Isso seria
tão simples se cada bispo, em sua diocese, colocasse à nossa disposição, à
disposição dos católicos fiéis, uma igreja lhes dizendo: “Eis a igreja que é a
vossa”. Quando se pensa que o bispo de Lille deu uma igreja aos muçulmanos, não
vejo porque não haveria uma igreja para os católicos da Tradição. E, em última
análise, a questão estaria resolvida. E é isso que pediria ao Santo Padre se
ele aceitasse me receber: “Deixe-nos fazer, Santíssimo Padre, a experiência da
Tradição. No meio de todas as experiências que fazem atualmente, que houvesse
ao menos a experiência do que foi feito durante vinte séculos!”.
Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Amém.
Arcebispo Marcel
Lefebvre
Homilia proferida em Lille, em 29 de agosto de 1976.
Fonte:www.rainhamaria.com.br
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