Publicamos uma carta de Mons. Lefebvre ao Papa, lida por ele mesmo aos seminaristas na conferência espiritual em Ecône em 25 de maio de 1983. Esta [carta] mantém toda a sua atualidade e exprime as profundas razões da batalha da Fraternidade Sacerdotal de São Pio X pela Fé.
Santo Padre,

Os próprios autores da reforma afirmaram que o seu objetivo era "ecumênico". Isto é, destinado a suprimir, sem tocar na doutrina, o que desagrada aos nossos "irmãos separados". Mas é evidente que o que desagrada aos nossos "irmãos separados" é a doutrina da Missa católica. Para lhes dar satisfação, foi instituída uma missa equívoca, ambígua, na qual a doutrina católica foi esvaziada. Como, então, se pode pensar que esta diminuição da Fé foi inspirada pelo Espírito Santo? A própria definição da Missa, mesmo aquela que foi depois corrigida pelo artigo 7 da Instituição, mostra com evidência esta diminuição e, também, a falsificação da doutrina. O uso desta missa ecumênica faz adquirir uma mentalidade protestante, indiferentista, que coloca todas as religiões em pé de igualdade, como o faz a declaração sobre a liberdade religiosa, que tem por base doutrinal os direitos do homem, a dignidade humana mal compreendida e condenada por São Pio X em sua carta sobre o Sillon.
As consequências desse espírito, difundido dentro da Igreja, são deploráveis e arruínam a vitalidade espiritual da Igreja. Em consciência, não nos resta que afastar os sacerdotes e os fiéis do uso deste novo Ordo Missae, se desejarmos que a Fé católica integral permaneça ainda viva. Quanto ao primeiro parágrafo que diz respeito ao concílio, aceito de bom grado assiná-lo no sentido de que a Tradição é o critério de interpretação dos documentos (o que é, por outro lado, também o sentido da nota do concílio sobre a interpretação dos textos), pois é evidente que a Tradição não é compatível com a declaração sobre a liberdade religiosa, de acordo com os próprios peritos, como os reverendos padres Congar e Meuret.
Então, nós não vemos outras soluções para este problema que, primeiro: seja concedida a liberdade de celebrar segundo o rito antigo, de maneira conforme a edição dos livros litúrgicos do Papa João XXIII. Segundo: a reforma do novo Ordo Missae, para dar-lhe uma expressão manifesta dos dogmas católicos da realidade do ato sacrifical, da presença real para uma adoração mais manifesta, da distinção clara entre o sacerdócio do padre e o dos fiéis e da realidade propiciatória do sacrifício. Terceiro: uma reforma das declarações ou expressões do concilio que sejam contrárias ao magistério oficial da Igreja, especialmente na declaração sobre a liberdade religiosa, na declaração sobre a Igreja e o mundo, no decreto sobre as religiões não cristãs etc.
É vital para a Igreja afirmar, através do sacrifício da Missa, que há salvação unicamente através do sacrifício de Nosso Senhor, único Salvador, único Sacerdote, único Rei. A religião católica é a única verdadeira, as outras religiões são falsas e arrastam as almas para o erro e o pecado. Somente a religião católica foi fundada por Nosso Senhor Jesus Cristo, portanto somente através dela pode haver salvação. Disso se deduz a necessidade, para todas as almas, de um batismo válido e frutuoso, que as torne membros do Corpo Místico de Nosso Senhor. Daí provém a urgência de a Realeza Social de Nosso Senhor estar inscrita nas constituições, para proteger as almas católicas contra os perigos do erro e do vício e para favorecer as conversões para a salvação das almas.
Agora, essas verdades estão imutavelmente negadas ou contraditas implicitamente pelo concílio Vaticano II, com a maior satisfação dos inimigos da Igreja. É urgente, Santo Padre, restabelecer estas verdades, pois são a própria essência e a razão de ser da Igreja, a razão de ser do sacerdócio e do episcopado, do sucessor de Pedro. Santo Padre, eu não tenho que um desejo que animou toda a minha vida e é o de trabalhar para a salvação das almas na mais perfeita submissão ao sucessor de Pedro, segundo a Fé católica que me foi ensinada em minha infância e em Roma, na Cidade Eterna. Para mim, portanto, é impossível assinar qualquer coisa que traga prejuízo a esta Fé. Como é o caso do falso ecumenismo e da falsa liberdade religiosa. Eu quero viver e morrer na Fé católica, penhor da vida beata e eterna.
Que Sua Santidade se digne crer em meus sentimentos respeitosos e filiais.
para ver o video clique aqui: http://farfalline.blogspot.com.br/2012/05/carta-de-mons-lefebvre-ao-papa-maio-de.html.Este discurso consta do vídeo abaixo (em italiano), uma forte e importante homenagem ao Sacerdote, homem de Igreja, heroi e mártir moral da Fé Católica, Mons. Marcel Lefebvre:
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