quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Motu proprio Sumorum Pontificum


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Motu proprio Sumorum Pontificum
Papa Bento XVI
(Excertos*)
“Sempre foi preocupacao dos Sumos Pontifices ate o
tempo presente, que a Igreja de Cristo ofereca um
culto digno a Divina Majestade "para louvor e gloria
de seu nome" e "para nosso bem e o de toda sua
Santa Igreja".
Desde tempos imemoriais ate o futuro deve ser
respeitado o principio "segundo o qual cada Igreja
particular deve estar de acordo com a Igreja
universal nao so sobre a doutrina da fe e os sinais
sacramentais, mas nos usos universalmente
transmitidos pela tradicao apostolica continua. Estes
devem manter-se nao so para evitar os enganos, mas
tambem para que a fe seja transmitida em sua
integridade, ja que a regra de oracao da Igreja (lex
orandi) corresponde a sua regra da fe (lex credendi)."
... Entretanto, com o fim que a Sagrada Liturgia
possa de modo mais eficaz cumprir com sua missao,
muitos outros Romanos Pontifices no curso dos
seculos vieram a expressar particular preocupacao,
entre eles Sao Pio V e eminente, quem com grande
zelo pastoral, segundo a exortacao do Concilio de
Trento, renovou o culto em toda a Igreja,
assegurando a publicacao de livros liturgicos
corrigidos e "restaurados segundo as normas dos
Pais" e os pos em uso na Igreja Latina.
E evidente que entre os livros liturgicos de Rito
Romano o Missal Romano e eminente. Nasceu na
cidade de Roma e gradualmente ao longo dos seculos
tomou formas que sao muito similares a aquelas em
vigor em recentes geracoes....
...Tendo ponderado amplamente os insistentes
pedidos destes fieis a nosso Predecessor Joao Paulo
II, tendo escutado tambem os Padres do Consistorio
de Cardeais realizado em 23 de marco de 2006,
tendo sopesado todos os elementos, invocado o
Espirito Santo e pondo nossa confianca no auxilio de
Deus, pela presente Carta Apostolica,
DECRETAMOS o seguinte:
Art. 1.... e licito celebrar o Sacrificio da Missa de
acordo com a edicao tipica do Missal Romano
promulgado pelo Beato Joao XXIII em 1962 e nunca
anulado, como a forma extraordinaria da Liturgia da
Igreja...
Art. 2. Em Missas celebradas sem o povo, qualquer
sacerdote de Rito Latino, seja secular ou religioso,
pode usar o Missal Romano publicado pelo Beato
Joao XXIII em 1962... um sacerdote nao requer de
nenhuma permissao, nem da Se Apostolica nem de
seu Ordinario.
Art. 4. Com a devida observancia da lei, inclusive os
fieis Cristaos que espontaneamente o solicitem,
podem ser admitidos a Santa Missa mencionada no
art. 2.
Art. 5,
§ 1. Em paroquias onde um grupo de fieis aderidos a
previa tradicao liturgica existe de maneira estavel,
que o paroco aceite seus pedidos para a celebracao
da Santa Missa de acordo ao rito do Missal Romano
publicado em 1962. Que o paroco vigie que o bem
destes fieis esteja harmoniosamente reconciliado
com o cuidado pastoral ordinario da paroquia, sob o
governo do Bispo e segundo o Canon 392, evitando
discordias e promovendo a unidade de toda a Igreja.
§ 3. Que o paroco permita celebracoes desta forma
extraordinaria para fieis ou sacerdotes que o pecam,
inclusive em circunstancias particulares tais como
matrimonios, funerais ou celebracoes ocasionais,
como por exemplo peregrinacoes.
§ 4. Os sacerdotes que usem o Missal do Beato Joao
XXIII devem ser dignos e nao impedidos
canonicamente.
Art. 6. Nas Missas celebradas com o povo segundo o
Missal do Beato Joao XXIII, as Leituras podem ser
proclamadas inclusive nas linguas vernaculas,
utilizando edicoes que tenham recebido a recognitio
da Se Apostolica.
Art. 10. E licito que o Ordinario local, se o
considerar oportuno, erija uma paroquia pessoal
segundo as normas do Canon 518 para as celebracoes
segundo a forma anterior do Rito Romano ou
nomear um reitor ou capelao, com a devida
observancia dos requisitos canonicos.
Tudo o que e decretado por Nos mediante este Motu
Proprio, ordenamos que seja assinado e ratificado
para ser observado a partir de 14 de Setembro deste
ano, festa da Exaltacao da Santa Cruz, em que pese a
todas as coisas em contrario.
Dado em Roma, junto a Sao Pedro, em 7 de julho no
Ano do Senhor de 2007, Terceiro de nosso
Pontificado.”
Bento XVI
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Traducao nao-oficial do original em latim

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Como São José é o patrono do blog, resalto a Carta encíclica 'Bonum Sane' de Bento XVI.

Carta encíclica ‘Bonum Sane’ de Bento XV sobre São José.

Carta Encíclica de S.S. o Papa Bento XV
(Motu Proprio)
No Cinqüentenário da Proclamação de São José
como Patrono da Igreja Universal
Foi uma coisa boa e salutar ao povo cristão que o nosso antecessor de imortal memória, Pio IX, tenha conferido ao castíssimo esposo da Virgem Maria e guarda do Verbo Encarnado, São José, o título de Patrono Universal da Igreja; e uma vez que este feliz acontecimento completará 50 anos em dezembro próximo, julgamos bastante útil e oportuno que ele seja dignamente celebrado em todo o mundo católico.
Se dermos uma olhada nestes últimos 50 anos, observamos um admirável reflorescimento de piedosas instituições, as quais atestam como o culto ao santíssimo Patriarca veio se desenvolvendo sempre mais entre os fiéis; depois, se considerarmos as hodiernas calamidades que afligem o gênero humano, parece ainda mais evidente a oportunidade de intensificar tal culto e de difundi-lo com maior força em meio ao povo cristão. De fato, após a terrível guerra, na nossa Encíclica “sobre a reconciliação da paz cristã”, indicamos o que faltava para restabelecer em todo lugar a tranqüilidade da ordem, considerando particularmente as relações que decorrem entre os povos e entre os indivíduos no campo civil. Agora se faz necessário considerar uma outra causa de perturbação, muito mais profunda, que se aninha justamente no mais íntimo da sociedade humana: dado que o flagelo da guerra se abateu sobre as pessoas quando elas já estavam profundamente infectadas pelo naturalismo, isto é, por aquelas grande peste do século que, onde se enraíza, diminui o desejo dos bens celestes, apaga a chama da caridade divina e retira do homem a graça salvadora e elevadora de Cristo até que, tolhida dele a luz da fé e deixadas a ele as solitárias e corrompidas forças da natureza, o abandona à mercê das mais insanas paixões. E assim aconteceu que muitíssimos se dedicaram somente à conquista dos bens terrenos, e como já estava aguçada a contenda entre proletários e patrões, este ódio de classes aumentou ainda mais com a duração e atrocidade da guerra, a qual, se de um lado causou às massas um mal-estar econômico insuportável, por outro fez afluir às mãos de pouquíssimos, fortunas fabulosas.
Acrescente-se que a santidade da fé conjugal e o respeito à autoridade paterna foram por muitos, não pouco vulneradas por causa da guerra; seja porque a distância de um dos cônjuges diminuiu no outro o vínculo do dever, seja porque a ausência de um olho vigilante deu oportunidade à leviandade, especialmente feminina, de viver a seu bel-prazer e demasiadamente livre. Por isto, devemos constatar com verdadeira dor que agora os costumes públicos são bem mais depravados e corrompidos que antes, e que portanto a assim chamada “questão social” foi-se agravando a tal ponto de suscitar a ameaça de irreparáveis ruínas. De fato amadureceu nos desejos e nas expectativas de todos os sediciosos a chegada de uma certa república universal, a qual seria fundada sobre a igualdade absoluta entre os homens e sobre a comunhão dos bens, e na qual não haveria mais distinção alguma de nacionalidade, nem teria mais que reconhecer-se a autoridade do pai sobre os filhos, nem dos poderes públicos sobre os cidadãos, nem de Deus sobre os homens reunidos em sociedade civil. Coisas todas que, se por desventura se realizassem, dariam lugar a tremendas convulsões sociais, como aquela que no momento está desolando não pequena parte da Europa. E é justamente para se criar também entre os outros povos uma condição similar de coisas, que nós vemos as plebes serem estimuladas pelo furor audacioso de alguns, e acontecerem aqui e acolá ininterruptas e graves revoltas.
Nós, portanto, mais que todos preocupados com este rumo dos acontecimentos, não deixamos, quando houve ocasião, de recordar aos filhos da Igreja os seus deveres. Agora, pelo mesmo motivo, ou seja, para recordar o dever aos nossos fiéis que estão em toda parte e ganham o pão com o trabalho, e para conservá-los imunes do contágio do socialismo, o inimigo mais implacável dos princípios cristãos, Nós, com grande solicitude, propomos a eles de modo particular São José, para que o sigam como guia e o honrem como celeste Patrono. Ele de fato levou uma vida similar a deles, tanto é verdade que Jesus bendito, enquanto era o Unigênito do Pai Eterno, quis ser chamado “o Filho do carpinteiro”. Mas aquela sua humilde e pobre condição, de quais e quantas virtudes excelsas Ele soube adornar! Ou seja, virtudes que deviam resplandecer no esposo de Maria Imaculada e no pai putativo de Jesus Cristo. Por isso, na escola de São José, aprendam todos a considerar as coisas presentes, que passam, à luz das futuras, que permanecem para sempre; e, consolando as inevitáveis dificuldades da condição humana com a esperança dos bens celestes, a estes aspirem com todas as forças, resignados à vontade divina, sobriamente vivendo segundo os ditames da piedade e da justiça. Ao que diz respeito especialmente aos operários, nos agrada relembrar aqui as palavras que proclamou em circunstância análoga o nosso predecessor de feliz memória Leão XIII, pois elas, ao nosso parecer, não poderiam ser mais oportunas: “Considerando estas coisas, os pobres, e quantos vivem com o fruto do trabalho, devem sentir-se animados por um sentimento superior de eqüidade, pois se a justiça permite-lhes elevar-se da indigência e de conseguir um melhor bem-estar, porém é proibido pela justiça e pela mesma razão de perturbar a ordem que foi constituída pela divina Providência. Aliás, é conselho insensato usar de violência e buscar melhorias através de revoltas e tumultos, os quais, na maioria das vezes, nada mais fazem que agravar ainda mais aquelas dificuldades que se desejam diminuir. Portanto, se os pobres querem agir sabiamente, não confiarão nas vãs promessas dos demagogos, mas sim no exemplo e no patrocínio de São José e na caridade materna da Igreja, a qual dia após dia tem por eles um zelo sempre maior” (Carta Encíclica “Quamquam pluries”).
Monsenhor Giacomo Della Chiesa, futuro Bento XV, sendo sagrado bispo por São Pio X.
Monsenhor Giacomo Della Chiesa, futuro Bento XV, sendo sagrado bispo por São Pio X.
Com o florescimento da devoção dos fiéis a São José, aumentará ao mesmo tempo, como necessária conseqüência, o culto à Sagrada Família de Nazaré, da qual ele foi o augusto chefe, brotando estas duas devoções uma da outra espontaneamente, dado que por São José nós vamos diretamente a Maria, e por Maria à fonte de toda santidade, Jesus Cristo, o qual consagrou as virtudes domésticas com a sua obediência para com São José e Maria. Nestes maravilhosos exemplos de virtude, Nós, pois, desejamos que as famílias cristãs se inspirem e completamente se renovem. E assim, dado que a família é o sustentáculo e a base da sociedade humana, fortalecendo a sociedade doméstica com a proteção da santa pureza, da fidelidade e da concórdia, com isso realmente um novo vigor, e diremos ainda, quase um novo sangue, circulará pelas veias da sociedade humana, que assim virá a ser vivificada pelas virtudes restauradoras de Jesus Cristo, e delas seguirá um alegre reflorescimento, não só dos costumes particulares, mas também das instituições públicas e privadas.
Nós, portanto, cheios de confiança no patrocínio Daquele à cuja próvida vigilância Deus agradou-se em confiar a guarda de seu Unigênito encarnado e da Virgem Santíssima, vivamente exortamos todos os Bispos do mundo católico, a fim de que, em tempos tão borrascosos para a Igreja, solicitem aos fiéis que implorem com maior empenho o válido auxílio de São José. E posto que diversos são os modos aprovados por esta Sé Apostólica com os quais se podem venerar o santo Patriarca, especialmente em todas as quartas-feiras do ano e durante todo o mês a ele consagrado, Nós queremos que, a critério de cada bispo, todas estas devoções, porquanto possível, sejam praticadas em todas as dioceses; mas, de modo particular, dado que ele é merecidamente tido como o mais eficaz protetor dos moribundos, tendo expirado com a assistência de Jesus e Maria, deverão cuidar os sagrados Pastores de inculcar e favorecer com todo o prestígio de sua autoridade aquelas piedosas associações que foram instituídas para suplicar a São José pelos moribundos, como aquela “da Boa Morte” e do “Trânsito de São José pelos agonizantes de cada dia”.
Para comemorar, pois, o supracitado Decreto Pontifício, ordenamos e impomos que dentro de um ano, a contar a partir de 8 de dezembro próximo, em todo o mundo católico seja celebrada em honra de São José, Patrono da Igreja Universal, uma solene função, como e quando julgar oportuno cada bispo; e a todos aqueles que a praticarem, Nós concedemos desde agora, nas condições habituais, a Indulgência Plenária.
Dado em Roma, junto de São Pedro, em 25 de julho de 1920, festa de São Tiago Apóstolo, no sexto ano de nosso pontificado.
Bento XV
Fonte: Centro de Espiritualidade Josefino Marelliana